domingo, 24 de outubro de 2010

Aula de parto

Ontem tivemos a aula de parto.
Fadynha nos ensinou muitas coisas importantes para este período final da gravidez, trabalho de parto e o parto propriamente dito. Nos explicou que é um trabalho em equipe, das minhas mães e eu. Eu tenho que fazer uma série de movimentos que parecem muito difíceis, mas dizem que todos os bebês sabem fazê-los, como girar o dorso para o lado esquerdo, virar a nuca alguns graus para um lado e depois para o outro e um monte de outros movimentos que, como são instintivos, não preciso me preocupar. Mamãe Carla tem que resolver todas as questões práticas, preparar o ambiente para que fique aconchegante e cálido, fazer massagens, segurar, entender e adivinhar o que mamãe Cinthia precisa, assim ela pode não pensar, virar “bicho” e mergulhar na “partolândia”, como a Fadynha diz.
Aprendemos que andar, mas andar muito, nas últimas semanas vão me ajudar a me colocar na posição correta; como reconhecer que se iniciou o trabalho e qual é a hora certa para ir para a maternidade; que andar de cócoras, como um pato, amplia a abertura dos quadris em quase 4 cm; que temos que aproveitar as contrações para trabalhar, fazendo exercícios como cócoras e bambolê e os intervalos para relaxar e recuperar as energias; que fazer massagens diárias na região do períneo com óleos com gergelim cru, germe de trigo e outros durante o último mês da gravidez, ajudam a preparar a musculatura para minha passagem e assim minha mãe não precisará ser cortada nem machucada; e que há vários recursos simples que  podem minimizar o incômodo e a dor sem ter que recorrer ao uso de anestesia, que minha mãe Cinthia não quer de jeito nenhum... ou pelo menos diz isso agora!
Testamos diversas posições para o momento da minha chegada, de qualquer forma sabemos que só na hora vamos poder escolher  a que nos pareça mais confortável. Entendemos porquê a posição de barriga para cima com as pernas abertas é a pior possível, deixa de aproveitar a força da gravidade, limita os movimentos e faz com que a musculatura do períneo se estique mais do que deveria, além de fazer com que a mãe perca o controle da situação e tenham que fazer tudo por ela. Parece que para os médicos é muito confortável, eles tem uma visão ampla e não tem que se jogar no chão para nos receber.
Mamãe Cinthia amou uma cadeira com formato de semi-círculo oco  que é utilizada pela maioria das etnias indígenas do norte e nordeste do Brasil, a que testamos é uma réplica em material sintético das originais de madeira. Segundo nos contaram, o modelo foi exportado para muitos países da Europa onde o parto natural acontece na mesma proporção que as cesáreas no Brasil, 90%.
Sabem? Eu imagino que sair da barriga e passar pelo canal de parto deve ser como brincar num escorrega de água, esses dos parques aquáticos... ou será que essa é a lembrança da minha mãe?
Estamos todos muito tranqüilos, os médicos escolhidos pelas minhas mães são contra qualquer tipo de intervenção desnecessária, eles entendem que o melhor que pode acontecer é que não tenham que fazer nada, só observar e cuidar que tudo aconteça como manda a natureza. Então vou ter muita sorte! Nada de gotinhas que ardem nos olhos, nem vitamina K injetável, nem sondas, nem incubadora, só a pele e o peito da minha mãe para me aquecer e me fazer sentir em casa.
Por último nos explicaram que respeito, liberdade e privacidade são requisitos indispensáveis para deixar a natureza agir como o faz há milhares e milhares de anos com todos os mamíferos.
Nossa amiga Marizilda tirou estas belas fotos com a câmera do IPhone. Vejam os exercícios que aprendemos e a cadeira para o parto.

Mamãe Carla aprendendo a fazer massagens
 Andando como uma pata

A cadeira para o parto

No final ganhei um beijinho

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